Alimento dado pelo Senhor

ACONTECEU COMIGO – o começo de tudo.

 

Eu cresci em uma Igreja Evangélica que buscava curas e milagres. E eu vi curas e milagres durante toda a minha infância e adolescência. A minha mãe recebia muitas revelações e curava muitas pessoas. Já vi surdo ouvir, cego enxergar e paralítico andar – sim, aquele paralítico que sofreu paralisia infantil, já era adulto e tinha pernas fininhas.

Eu assisti a tudo isso, cria nesses milagres, mas a confiança que Deus me ouvia não existia. Confiar que Deus poderia falar comigo então, era impossível. Na maioria do tempo, eu desconfiava da existência de Deus. E afirmo sem medo de errar: as igrejas estão cheias de pessoas que não creem em Deus. Não confiam a Deus nem mesmo seu prato de comida.

No passar do tempo minhas orações eram ouvidas, havia respostas, mas eu me ocupava da minha vida e nunca me preocupei em ouvir a Deus. Até que comecei a buscar. Então orei:

– Deus, eu sei que o Senhor fala com as pessoas, então fale comigo. Pode ser apenas uma vez. Fale e depois não precisa falar novamente. Eu serei grata em ouvir apenas uma vez.

Então Deus falou. Foi assim: eu dirigia um carro cheio de crianças, voltava de uma escola Bíblica de férias. Naquela época não havia código regulamentando o trânsito, era domingo e as ruas estavam tranquilas, então coloquei crianças sentadas no colo umas das outras, eram nove ao todo, sendo que duas eram meus filhos. E eu dirigia como os jovens costumam fazer, disputando espaço nas ruas e arrancando na frente. Eu era boa nisso! Parada no semáforo, chegou um carro mil cilindradas e parou ao meu lado. Olhei para ele e pensei, nunca sairá na minha frente – eu dirigia um Ford Escort 1.6.

Então Deus falou:

– Deixa ele sair primeiro! É claro que desconsiderei! Pensei: é coisa da minha mente. Então, Deus falou novamente:

– Deixa ele sair primeiro!

Desengatei o carro e fiquei esperando o outro sair. Quando o semáforo abriu ele demorou uns segundos e arrancou. É claro que eu teria saído primeiro. O que aconteceu então foi grandioso:  um ônibus grande, destes sanfonados, se aproximou em alta velocidade, furou o sinal e atravessou a rua. O motorista que havia arrancado com o carro parou sem bater, a poucos centímetros do ônibus.

Saí dali regozijante. Só conseguia repetir: Deus falou comigo, Deus falou comigo! Somente dias após me dei conta da enrascada que Deus havia me livrado. E como tinha poupado a vida de todas aquelas crianças! Deus é bom! Então agradeci e disse:  não precisa falar mais, agora já sei que o Senhor fala.